Gestalt Terapia... uma terapia do contato
Gestalt é uma palavra alemã que não tem uma tradução completa em português, o significado que mais se aproxima é "boa forma" ou "configuração".
Para a Gestalt tudo é processo, tudo está se movendo e se transformando o tempo todo. O homem é, necessariamente, um ser de relação e está inserido no mundo, o que evoca a noção de contato na essência de sua natureza humana e contato é, para a Gestalt Terapia, o processo básico do relacionamento. Ribeiro (1994) defende que contato é viver, é sentir, é pensar, é agir, é falar, enfim, é experienciar no presente. Contato consiste em relacionar-se com a vida e com o imediato aqui-agora. Polster e Polster (1979) e Ribeiro (1994, 2006) entendem que o como a pessoa vivencia suas funções de contato determina a qualidade do mesmo.
Para a Gestalt tudo é processo, tudo está se movendo e se transformando o tempo todo. O homem é, necessariamente, um ser de relação e está inserido no mundo, o que evoca a noção de contato na essência de sua natureza humana e contato é, para a Gestalt Terapia, o processo básico do relacionamento. Ribeiro (1994) defende que contato é viver, é sentir, é pensar, é agir, é falar, enfim, é experienciar no presente. Contato consiste em relacionar-se com a vida e com o imediato aqui-agora. Polster e Polster (1979) e Ribeiro (1994, 2006) entendem que o como a pessoa vivencia suas funções de contato determina a qualidade do mesmo.
A Gestalt terapia
também poderia ser chamada de terapia do contato (Ginger & Ginger, 1995),
conceito essencial nesta abordagem. Para Yontef (1998), contato é o processo de
reconhecer a si mesmo e ao outro em um duplo movimento: o de conectar-se e
de afastar-se do diferente.
De acordo com Perls (1988), nem todo contato
(conectar) é saudável, e nem toda fuga (afastamento) é doentia, visto que as
escolhas de aproximação ou distanciamento – meios de satisfazer as necessidades
emergentes – são necessárias e só se tornam nítidas se advêm do contato.
Quanto melhor a pessoa fizer contato consigo mesma,
melhor será seu contato com o outro e vice-versa. Por acreditar que o contato
seja transformador e que a natureza da psicoterapia na abordagem gestáltica
consiste em promover o contato, o terapeuta deve estar sempre incentivando o
cliente a olhar para si mesmo, para o outro e para o mundo, pois é este movimento
que dá qualidade ao contato e permite alcançar a awareness.
Awareness, objetivo da
Gestalt terapia, é dar-se
conta de algo, é uma forma integrada e totalizante, resultado de variáveis
presentes em dado campo. Yontef (1998) explica que a Gestalt-terapia acredita
em mudanças naturais e espontâneas por meio do contato e da awareness que abrange aceitação,
escolha e responsabilidade. Essas atitudes levam a pessoa ao crescimento.
Por ser uma abordagem fenomenológica, destaca o
trabalho com a experiência imediata – com ênfase ao presente – e, em
conseqüência, salienta seu trabalho no aqui-agora.
Aqui (espaço)-agora (tempo) são duas realidades que se
relacionam, mesmo porque, de certa forma, uma constitui a outra. Ribeiro (2006)
afirma que “tempo, espaço e sujeito formam uma única realidade, vista de uma
única perspectiva”. O presente é uma movimentação permanente entre passado e
futuro, e somente no agora a pessoa consegue contatar memórias ou expectativas
e, dessa forma, dar-se conta de todas as suas escolhas.
Experiências de alguns minutos, dias, anos ou décadas
atrás, que têm importância presente, são abordadas no processo
psicoterapêutico, assim como o futuro deve ser destacado se ele está presente
nos processos atuais (Yontef, 1998).
A Gestalt Terapia reconhece os atos de relembrar e de
planejar como funções presentes,
apesar de referirem-se ao passado e ao futuro. Comportar-se como se estivesse
realmente no passado ou no futuro, como fazem muitas pessoas, polui as
possibilidades vivas da existência.
Somente no presente podem funcionar os sistemas
sensorial e motor do indivíduo. Perls (1988) assinala que a terapia
bem-sucedida deve levar “o cliente a cuidar de seus problemas passados, não
resolvidos até o fim, porque estes finais são capazes de causar problemas
na atualidade”.
Acerca do
relacionamento com a filha, uma cliente comenta:
“Antes da psicoterapia
eu tinha um sentimento de preocupação constante, de medo, de preocupação (...). Na psicoterapia fui vendo que era um
sentimento em relação a mim mesma e, não em relação a ela (...). Hoje eu olho para ela de outra forma (...) eu aceito mais ela do jeito que ela é, consigo perceber sua história que, é única e diferente da minha, procuro não misturar minha vida na dela(....), ficava projetando nela, "coisas" que eram minhas (...).”
Basicamente
em Gestalt terapia tarabalhamos os mecanismos de defesa ou de evitação do
contato, que podem ser saudáveis ou patológicos, conforme sua intensidade, sua
maleabilidade, o momento em que intervêm.
A ação do
gestalt terapeuta não deve objetivar atacar, vencer ou superar as resistências,
quando o cliente está evitando o contato, mas, principalmente torná-las mais
conscientes ou figurais, favorecendo seu uso adaptado à situação do momento.
Um mecanismo
de defesa por si só não é bom nem ruim, o uso que o cliente faz dele , o seu
funcionamento , isto sim, caracteriza sua "patologia".
Os mecanismos mais citados pelos
diferentes autores são:
1. Confluência (Perls) - É um estado de não-contato, por fusão ou ausência de fronteira de contato. O self (si mesmo) não pode ser identificado, ausência de discriminação eu/meio.
2. Introjeção (Perls) - Significa a incorporação de elementos do meio, de idéias a sentimentos, relações, valores etc. Não confundir com o conceito de introjeção da Psicanálise, pois no conceito de Perls há a implicação de um elemento que não foi assimilado. Outros autores de GT (Ginger) referem que a introjeção só é patológica quando não permite a assimilação.
3. Projeção (Perls) - Significa atribuir ao meio elementos da própria subjetividade do sujeito. Para Perls há aqui um deslocamento da responsabilidade do sujeito para o meio. A projeção não-patológica é o que permite a empatia entre os sujeitos.
4. Retroflexão (Perls) - Consiste em voltar para si mesmo a energia mobilizada, fazer a si aquilo que gostaria de fazer aos outros ou que os outros lhe fizessem. São exemplos de retroflexão (tanto patológica como saudável): morder os dentes ou cerrar os punhos para não agredir; a masturbação; o sadismo e o masoquismo; a fala mental etc.
5. Deflexão (Polster) -Permite evitar o contato direto, desviando a energia de seu objeto primitivo. São exemplos: desviar o olhar; "falar sobre"; usar termos técnicos etc.
6. Proflexão (Sylvia Croker) - Uma combinação de projeção e retroflexão, consiste em fazer ao outro aquilo que gostaríamos que o outro nos fizesse.
7. Egotismo (Goodman) - Consiste em um reforço deliberado nas fronteiras de contato, devido a um reinvestimento de energia no ego, uma hipertrofia narcísica; geralmente é uma etapa do processo terapêutico, mas enquanto um estado crônico se torna uma patologia.
A Gestalt Terapia compreende que a consciência é um evento
focalizado no presente, no aqui-agora, isto significa que: para perceber melhor
um fenômeno dentro ou fora de mim mesmo, devo estar concentrado em minhas
funções de contato. Este fluxo de consciência é conceituado em GT como
"awareness"; quando tal fluxo é interrompido significa que a
consciência deixou de focalizar sua percepção sensorial para focalizar também
uma fantasia. Tais fantasias são a base dos mecanismos de evitação, que podem
ter um funcionamento patológico.
A Gestalt Terapia
baseia sua compreensão no estudo do processo de focalização da consciência,
devendo portanto abarcar a compreensão das fantasias, mas do ponto de vista do
processo e não da fantasia isoladamente. Toda resistência ou defesa é
construída através de uma determinada fantasia, mas nem toda fantasia implica
em resistência ou defesa.
A patologia
não é evitação do contato com a percepção sensorial (posso estabelecer contato
com uma fantasia), mas a qualidade e a funcionalidade desta evitação. Se
através de uma dada percepção sensorial vem a minha consciência fantasias e
imagens, o contato que estabeleço com estas pode ser extremamente criativo e
servir a função de elaboração de algo que foi percebido anteriormente. No jogo
entre fantasia e percepção constrói-se o sentido da experiência vivida, quanto
mais a fantasia antecipa este sentido, tanto menos a percepção se dá com o
fenômeno no presente e sim com as imagens e construções mentais sobre a
experiência, bloqueando assim a possibilidade de mudança.
Processo e aplicações
Os gestalt terapeutas trabalham no aqui e agora, e estão sensibilizados para como o aqui e agora inclui resíduos do passado, tais como postura corporal, hábitos e crenças. Em geral, os dados que não estão disponíveis `a observação direta do terapeuta, são estudados pelo enfoque fenomenológico, pela experimentação, por relatos dos clientes e por essencialmente intermédio do diálogo que, em vez de manipular o cliente em direção a um objetivo terapêutico, é marcado por aceitação, entusiasmo, preocupação verdadeira e por auto responsabilidade.
O diagnósticoem Gestalt Terapia
objetiva definir fenomenologicamente um processo: como esta pessoa está
funcionando no momento e para quê funciona deste modo, a que necessidades
atende e quais necessidades deixa de atender. A pessoa funciona
como um todo, onde alguns comportamentos, idéias ou sentimentos, podem
representar aspectos disfuncionais ou desatualizados em relação ao todo,
inibindo a auto regulação e a capacidade criativa do organismo, mudança.
O diagnóstico
É importante
lembrar que esses procedimentos e técnicas são apenas um suporte para alcançar
objetivos terapêuticos, mas isso não constitui, em si, a Gestalt Terapia. O que
é importante, é o reconhecimento do processo, bem como o respeito pelo ritmo
individual do cliente. Não apresse o rio, acompanhe, observe, compreenda, ele tem seu curso...
Fonte:
Ginger, S. & Ginger, A. (1995). Gestalt:
uma terapia do contato. São Paulo: Summus.
Perls, F. (1988). A abordagem gestáltica
e testemunha ocular da terapia. Rio de Janeiro: Guanabara.
Polster, E. & Polster, M. (1979). Gestalt-terapia
integrada. Belo Horizonte: Interlivros.
Ribeiro, J. P. (1994). Getalt-terapia: o
processo grupal: uma abordagem fenomenológica da teoria de campo e holística.
São Paulo: Summus.
Ribeiro, J. P. (2006). Vade-mecum de
Gestalt-terapia: conceitos básicos. São Paulo: Summus.
Yontef, G. (1998). Processo, diálogo e
awareness: ensaios em Gestalt-terapia. São Paulo : Summus.
Sobre Gestalt Terapia consulte também as postagens: O eterno aqui e agora, O que é Gestalt Terapia e Grupos de Psicoterapia ... Bjss a todos e em especial aos alunos do 5ª fase de psicologia da ESUCRI e um muito obrigada pela oportunidade, pena que o tempo foi curto mas, talvez possamos marcar um novo encontro com mais tempo e em um espaço mais adequado para realizarmos uma atividade de grupo!! Martinha
Sobre Gestalt Terapia consulte também as postagens: O eterno aqui e agora, O que é Gestalt Terapia e Grupos de Psicoterapia ... Bjss a todos e em especial aos alunos do 5ª fase de psicologia da ESUCRI e um muito obrigada pela oportunidade, pena que o tempo foi curto mas, talvez possamos marcar um novo encontro com mais tempo e em um espaço mais adequado para realizarmos uma atividade de grupo!! Martinha
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