A importância de viver o "agora"

Vamos imaginar que você está participando de um curso e o professor diz que irá escolher alguém para apresentar, ao acaso, um tema qualquer. Ele aguarda alguns instantes, fazendo suspense, andando por entre o grupo, olhando um por um e diz novamente que será apenas um o escolhido. Como ficariam seus sentimentos e pensamentos? Você ficaria ensaiando mentalmente o que fazer se você for o escolhido? Ficaria ansioso? Sentiria medo?Então depois de alguns minutos, o professor diz que não vai chamar ninguém e que era só uma brincadeira. Como você se sentiria após saber que ninguém será chamado? Acreditaria no professor? Continuaria achando que a qualquer momento pode ser chamado? Sentiria alívio?A maioria das pessoas sentiria ansiedade, com certo receio, suaria frio, ficaria torcendo para que não fosse o escolhido, sofrendo por antecipação, o coração dispara, altera o ritmo respiratório, ensaiaria mentalmente a tarefa e imaginaria algum tipo de fracasso e consegüência.À medida que a pessoa se torna cada vez mais angustiada com essa situação imaginária, o fato de ficar tão aflita antes mesmo de executar a tarefa pode trazer o fracasso temido. Então o exercício imaginário de realizamos antes mesmo de que algo que tememos aconteça, pode fazer com que o que tememos tanto, de fato aconteça.Este tipo de dificuldade ocorre quando abandonamos o “agora” da realidade presente e a mente salta para o futuro imaginário, e gastamos  uma energia imensa com algo que nem ocorreu ainda, nos desestruturando para enfrentar a situação real  que ainda está por vir.A nossa mente não sabe discernir entre real e imaginário. Vamos supor que eu tenha medo de aranha. Se a aranha é real e eu estou diante dela, algumas reações fisiológicas e comportamentais irão acontecer, como por exemplo: gritar, suar, subir em uma cadeira, etc... Agora, se a aranha não está na minha frente, mas eu penso, e se ela estiver aqui nesta sala? E se ela vir na minha direção? Se eu não conseguir sair dessa sala? E se......?e se ....? A minha mente entende que a aranha é real e vou sentir medo, ansiedade...Em muitas situações do cotidiano, criamos “aranhas” imaginárias e sofremos muito por isso!!  Nos afastamos totalmente do “agora” do “momento presente” e passamos a imaginar o futuro que, na maioria das vezes não acontece do jeito que imaginamos. Quando deixamos de “criar aranhas imaginárias”, aumentamos nossa percepção do “agora”. Estar no “aqui e agora” é o caminho mais curto para atingir o todo.Assim como temos a tendência de antecipar o futuro, outra característica que nos afasta do “agora” é se apegar demais ao passado. Para exemplificar isso, vamos ler atentamente a seguinte parábola:“ Era uma vez um Monge que saiu em uma manhã para uma jornada com seus discípulos. Em certo momento eles encontraram um moça que tentava atravessar uma poça de água. O Monge se aproximou da moça, pegou-a no colo e atravessou a poça de água, deixando a moça do outro lado. E assim, seguiram em caminhada. No período da noite, momento em que realizavam sua ceia, um discípulo se aproximou do Monge e disse:_ Mestre posso fazer-lhe uma pergunta que está me angustiando?_ Sim, disse o Mestre.O discípulo então faz a pergunta:_ Como o Senhor, uma pessoa iluminada, pega aquela moça no colo e a coloca do outro lado da poça de água? Como pode o Senhor fazer isso?E o Monge responde:_ Discípulo, eu peguei aquela moça no colo, coloquei-a do outro lado da poça de água no período da manhã, e você está carregando a moça até agora !”
Nossa mente tem a tendência de “carregar moças”, ou seja,  fica recordando ou pensando sobre o passado, muitas vezes desejando que tivesse sido diferente, torturando a si mesmo pelo resultado. Esses pensamentos colaboram sobremaneira para que se perca o contato com o “agora”, com o que realmente está nos acontecendo.Quando deixamos de “carregar moças”, aumentamos nossa percepção do “agora” e permanecemos mais atentos e confiantes.
Nenhum líder vai nos dar paz, nenhum governo, nenhum exército, nenhum país. O que vai nos dar paz é a transformação interior que nos conduzirá à ação exterior. A transformação interior não é isolamento, desistência da ação exterior. Ao contrário, só pode haver a ação correta quando há o pensamento correto, e não existirá o pensamento correto quando não existe autoconhecimento....

“ Sem conhecer a si mesmo, não existe paz.”    Krishnamurti