Amor não é apego...

A maioria de nós, crescemos ensinados a pensar em amor como se fundamentalmente relacionado a apego  e,  a encarar com alguma benevolência um ciúme “saudável”, ou o medo de perder o amado(a) como prova de que realmente o que se sente é amor. Grande engano!  Séculos de literatura, arte e poesia na nossa sociedade ocidental nos moldaram a pensar assim: desde as dores do amor romântico do jovem Werther, passando por Lady Gaga,  até os cantores atuais da sofrência. Os budistas são os que lidam melhor com a questão: recomendo palestras do Dalai Lama e da monja Jetsunma Tenzin Palmo sobre o tema e é fácil de achar no youtube!
O amor de verdade não dói. Ele inunda o coração de felicidade plena  e, só por isso basta. Já o apego traz sofrimento, porque guarda dentro de si o medo da perda! Da rejeição. De “ficar sem a pessoa”, de “ficar sozinho”. O amor não pode ter medo de perder porque nunca perdemos no amor! Ele existe indiferente da reciprocidade. Existe em si mesmo!
Sei que é uma questão bastante complexa buscar  separar apego e amor na prática! É abstrato demais e, ainda mais difícil pois mergulhados que estamos em nossas próprias escolhas a partir dos apelos que nossa sociedade insistentemente incute em nossos pensamentos! Assim mesmo, vou arriscar deixar aqui algumas dicas que podem ajudar a esclarecer essa sutil inversão de valores!

O amor é altruísta, o apego é egoísta
Quando amamos verdadeiramente alguém, nos concentramos em fazer a outra pessoa feliz. Você está sempre pensando em maneiras de se certificar de que o seu parceiro(a) se sinta amado(a). Você não discute sobre quem ajuda mais, ou briga para decidir quem deve lavar os pratos. Você não chantageia emocionalmente seu parceiro(a), tenta manipulá-lo(a), ou dominar o relacionamento.
Quando você está apenas apegado a alguém, foca sobre as maneiras através das quais ele pode fazer você feliz. Você se torna fortemente dependente de seu parceiro(a) e pode até mesmo tentar controlá-lo(a) para evitar o abandono. Em vez de confrontar os seus próprios problemas, você usa o seu parceiro para melhorar a sua autoestima e preencher um vazio dentro de você. Você acredita que outro é responsável por sua felicidade e fica frustrado(a) e irritado(a) se esse outro não consegue lhe trazer satisfação.

O amor é libertador, o apego é controlador
Amor mútuo lhe permite ser o seu verdadeiro eu. Seu parceiro(a) te incentiva a ser quem você realmente é e você não tem medo de expor suas fraquezas. A confiança mútua se desenvolve e se torna um poderoso catalisador para o crescimento pessoal de ambos. O amor nunca é controle. Na realidade, o amor transcende o controle. A capacidade do seu parceiro(a) de aceitá-lo(a) por quem você é e incentivá-lo(a) a perseguir seus sonhos lhe permite deixar ir a necessidade de controlar a sua vida.
Apego, por outro lado, tende a estimular o comportamento de controle. Você pode desencorajar o seu parceiro(a) de passar tempo com seus amigos, jogar, ou fazer as atividades que gosta. Você pode até tentar manipulá-lo(a) para ficar com você, independentemente de seus sentimentos.

O amor é crescimento mútuo, apego é sobrecarregar
Em amor, você e seu parceiro(a) vão crescer juntos. Ambos trabalham para se tornarem as melhores versões de si mesmos, você se torna melhor do que poderia ser sozinho(a). Em suma, seu parceiro(a) estimula o seu crescimento, e você faz o mesmo.
Em casos de apego, o seu desejo de controlar e sua incapacidade de resolver seus próprios problemas restringe o seu crescimento, bem como o de seu parceiro(a). Os seus problemas não resolvidos causam dependência desnecessária da outra pessoa. Não surpreendentemente, isso restringe o crescimento de ambas as partes e torna difícil amar de uma forma saudável.

O amor é eterno, o apego é transitório
Amor sobrevive à passagem do tempo... Você e seu parceiro(a) pode vir a terminar, seja temporária ou permanentemente. Se você estivesse realmente amando, no entanto, essa pessoa terá sempre um lugar no seu coração e você continuará a desejar-lhe bem...
Se, por outro lado, você estava apenas apegado(a), provavelmente sentirá ressentimento depois de um rompimento. Você pode até mesmo experimentar sentimentos de traição. Estes sentimentos derivam do pressuposto de que seu parceiro(a) tinha a obrigação de fazê-lo feliz, o que, em sua visão, não foi cumprido.

Amor é reduzir o ego, apego é impulsioná-lo
Amando, você se torna menos egocêntrico(a). Seu relacionamento serve para reduzir o seu ego, promove o seu crescimento, e convida-o(a) a tornar-se menos egoísta e mais amoroso(a). O relacionamento que você tem com o seu parceiro(a) é um combustível para mudanças positivas para ambos. Mais importante, ambos têm a coragem de partilhar as suas fraquezas, expor suas vulnerabilidades, e comunicar-se com o coração.
Alternativamente, relacionamentos baseados em apego são tipicamente dominados pelo ego. É por isso que muitas pessoas caem repetidamente em um fluxo contínuo de relacionamentos insatisfatórios, cada um dos quais envolvendo os mesmos problemas recorrentes. Você acha difícil olhar para dentro e resolver seus problemas. Isso gera dependência dentro de seu relacionamento, o que desencadeia a sensação de que você não pode ser feliz sem o seu parceiro(a). Você depende da outra pessoa para resolver seus problemas ou, pelo menos, ajudá-lo(a) a esquecê-los.
É maravilhoso amar, é maravilhoso compartilhar momento com quem amamos mas, como diz o ditado, “semelhante atrai semelhante”. Se for esse o caso, é sábio dizer que, é interessante você tentar se tornar, o mais próximo possível, do tipo de pessoa com  quem você deseja compartilhar bons momentos. Seguimos sempre então,  nessa aventura de nos tornarmos uma versão melhor e mais amorosa de nós mesmos! 

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