Autossabotagem...

Neste último mês venho conversando com uma querida amiga sobre autossabotagem e a procrastinação pois, já faz algum tempo que venho percebendo como, de maneira muito sutil, determinados tipos de comportamento que, hora parecem “nos proteger”  na verdade, vão minando algumas possibilidades bem interessantes de sermos mais espontâneos e felizes.
A autossabotagem, entre outras coisas, pode partir da crença que, talvez “não mereça ser feliz”, é uma forma de termos medo da felicidade... Hoje estou sozinha  e venho percebendo como eu recuso algumas boas oportunidades de conhecer pessoas e vivenciar algumas situações diferentes das quais eu tenho me refugiado procurando a segurança da minha velha e querida “zona de conforto”!! Esse processo acontece com várias pessoas e com alguns dos pacientes que acompanho. Para começar então vamos falar de dois conceitos...
Procrastinar significa adiar aquilo que a gente sabe que é preciso fazer, mas não fazemos no momento. Pode ser uma obrigação, uma tarefa chata que você fica adiando por que não dá prazer de fazer: pagar uma conta, consertar alguma coisa, faxinar, organizar, fazer o relatório, escrever um artigo... Mas pode ser também algo que poderia melhorar muito a sua vida e, você simplesmente deixa pra depois: fazer aula de dança, começar um trabalho de auto conhecimento, fazer exercício, fazer um curso entre outros...
Procrastinar faz parte dos mais variados processos de autossabotagem, é uma das muitas facetas e talvez seja a mais comum... Todas as vezes que você procrastina, você está se sabotando, causando algum mal pra você mesmo, porque causa o estresse de deixar tudo pra última hora, gera o risco de pagar algo com multa, deixa bagunça e a desorganização tomarem conta, tornando a sua vida mais difícil... A autossabotagem é mais abrangente do que procrastinação.
Sabemos que tem como acabar com a procrastinação... pois ela não acontece por obra do acaso! Sentimentos de opressão podem nos deixar paralisados e assim podemos adiar muitas coisas, pra sentir um alívio ilusório e bem temporário... sim ilusório e temporário pois a tensão interna cresce já que, no fundo, você sabe o que não fez e que vai ter que fazer depois. Quando você pensa em fazer algo que precisa e não faz está procrastinando, surge um desconforto e, as vezes bem grande, porque você sabe que precisa ser feito!! Então pra não sentir o desconforto você deixa pra depois... E quando você deixa pra depois surge o alivio temporário, mas na verdade, a tensão inconsciente cresce... e os problemas também!! E vira um ciclo ruim, uma bola de neve!!
O excesso de estresse, muitos afazeres, podem nos levar a nos sentirmos oprimidos, e aí procrastinamos. Mas não é só isso... Vários sentimentos negativos podem gerar também procrastinação. Uma dor de uma perda... uma confiança quebrada num relacionamento.. uma situação de abandono na infância... muitas vivências negativas podem carregar sentimentos e alimentar em você a crença que não tem valor e, por isso não merece uma vida melhor, ser mais feliz!! E por causa desse não merecimento, adia de forma indefinida, a matricula em um curso que poderia lhe proporcionar mais renda e uma vida mais tranqüila... Ou simplesmente adia as férias e, nunca encontra tempo pra cuidar de si... recusa convites pra sair e conhecer pessoas interessantes enfim...
O medo é um grande causador da procrastinação... Podemos deixar de ir ao médico, adiar um exame,  deixar aquela conversa desagradável pra depois, deixar alguns amigos e convites de lado...  tudo por medo!!
É possível diminuir e minimizar os efeitos desse medo sabotador e deixar de procrastinar. Para isso precisamos identificar, percebendo onde e quando e como isso ocorre. Vai exigir uma boa dose de esforço no sentido de desacelerar o processo automático para perceber o que você está fazendo e decidindo no exato momento em que faz e... tentar reverter, isso é o mais difícil!! Mudar a atitude frente ao seu medo!! Isso ocorre por que acabamos nos acostumando a viver de uma certa maneira, que, mesmo sendo sofrida e muitas vezes desejando tomar outra decisão.. preferimos continuar na “zona de conforto”, do velho e querido mundinho conhecido e supostamente seguro!! E o que conhecemos pode ser mais confortável de certa forma, mesmo que seja algo sofrido... Estranho não? Pois é assim que funciona!!
É como se a pessoa pensasse assim: "é melhor essa vida que eu já conheço, que talvez não seja a melhor, mas já sei como é, do que uma vida supostamente melhor, mas que eu não sei como é". E aí podem ainda surgir vários medos extras: E se essa vida supostamente melhor, não for melhor? E se ficar pior do que está agora? Pra que arriscar? Eu já sei lidar mesmo com isso que tenho hoje... E se ficar melhor e depois eu perder e voltar a ficar como antes? Vai ser uma decepção, melhor ficar como está agora... e por aí vai... 
Todos esses pensamentos podem estar ligados ao medo de ser feliz. O medo de arriscar, o medo de sair da zona  de  conforto, tudo isso  também  faz  parte  do  complexo  tema  que é  do da autossabotagem. Realmente não é fácil desvendar tudo isso por conta própria... Eu mesma demorei algum tempo pra perceber esse ciclo se fazendo presente em meu dia a dia e o quanto isso vinha me atrapalhando e diminuindo minha espontaneidade e muitas vezes precisei “tatear no escuro”  e, então recorrer a opinião sincera de queridos amigos e profissionais da minha área. É importante buscar ajuda se você se percebe neste ciclo ruim, não hesite em procurar ajuda de um psicoterapeuta!!

Considero essa uma boa reflexão pra terminarmos nosso ano e quem sabe começamos 2015 com algumas propostas de mudança frente a nossa maneira de encararmos nossos medos!! Um Bom Natal a todos e Uma Maravilhoso  Ano Novo!!

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