Somostodosumsó

Nenhuma estrutura é eterna, nenhum dogma é permanente.
Aqui e agora é tempo de rever prioridades e dar valor ao que realmente importa.
Estas são certamente grandes lições desses nosso momento existencial.
Estamos sendo chamados a "despertar", independente de nossas crenças pessoais, religiões ou o que seja, literalmente estamos caindo na real de que vivemos no mesmo planetinha chamado Terra. Por mais que oremos, não temos como fugir dessa condição. Não tem escapatória mas, estamos tendo uma oportunidade única de nos encontrar em nós mesmos (eu mesma), no que há de mais profundo, nas ilusões que criamos, nos medos, nas arrogâncias e vaidades, e por fim, nas nossas mais profundas verdades.
Embora estejamos precisando fazer isolamento social, o vazio e a solidão dão espaço para vir à tona um sentido maior, a nossa existência em sociedade mas, em prol de cuidarmos da vida, de cuidarmos uns dos outros e isso, aos poucos pode se transformar em uma nova consciência, mais ampla e geradora de uma energia radiante. Vamos aos poucos elevando nossa consciência e entendendo que nunca estivemos separados de fato, que nossa separação, individualização, não passam de ilusões construídas ao longo dos tempos. Este momento é  de crucial importância pois, traz à tona, o que de fato importa em nossa existência, a vida, o amor, cuidarmos e amarmos uns aos outros. Isso é o que dá sentido a humanidade.
Há tempos nossa humanidade vem passando por um individualismo crescente e desenfreado e, ao que tudo indica, chegamos a um ponto que, essa energia sem freios calapsou e se configurou na forma desse vírus, o coronavirus, chamado "Covid -19".
Essa doença chega ao planeta carregada por todo esse simbolismo. E ao longo desse momento único, importantes temas podem ser vivenciados, importantes lições podem ser aprendidas: estamos evidenciando concretamente o "isolamento" que, na verdade,  já vivíamos muito antes de tudo isso acontecer! Agora, no entanto, é uma imposição vital para que a percepção dos reais valores possam emergir.
O isolamento traz a oportunidade do auto encontro. A imposição do estado de isolamento, mais do que nunca, oferece a todos nós a oportunidade de se perceber de modo mais legítimo, independente de qualquer situação, somos conectados como seres humanos, sem diferenciação de sexo, raça, idade, classes sociais, crenças ou dogmas. Fazer novas escolhas e ter ousadia para bancar o que realmente importa é o que passar a valer neste momento.
Definitivamente penso e espero que, muitas mudanças para uma melhor convivência humana, venham ao final desse ciclo.
Em nossa sociedade, em busca de conexões, alguns bilhões de ávidos solitários, correm freneticamente para as, fantasiosas e efêmeras, redes sociais. Outros buscam, não só mas, também satisfazer essa necessidade de conexão cumprindo regras ou dogmas sociais e, ou religiosas, casando-se indevidamente, avançando em carreiras predestinadas, ou pior, seguindo um "não sei" apenas na ansiedade de serem bem vistos e aceitos numa sociedade que cria e mantem esse tipo e outros tipos de demandas. Outros tantos, caem na noite, usando toda sorte de drogas, viciando-se em sexo sem compromisso, entre outras situações perigosas. Em todas essas buscas, o sentimento, na maior parte, vem carregado de isolamento, ou seja, falta de conexões verdadeiras.
 A busca é por conexão! Mas, quando essa não acontece de fato, não nos damos por satisfeitos e, seguimos feito sacos sem fundos, agonizando e sempre precisando de mais preenchimento.
Em nosso século, a resolução desses conflitos existenciais parecem estar no limite do estresse, enlouquecidos e apressados que somos, principalmente nas grandes cidades. Quanto mais fizemos amigos pela internet, encontros em aplicativos, em menor tempo, tudo passa a ser mais deletável e as angústias continuam tecendo nossos silenciosos caminhos, refletidos no espelho negro do celular.
Nossa vida profissional, nossa vida na pratica, falta cooperação. Em busca de status e reconhecimento, as pessoas exercitam mais e mais competitividade e, quando isso impera, nós vamos nos distanciando mais e mais, uns dos outros. Tudo se torna efêmero!
Acredito que, um número cada vez maior de pessoas mais sensíveis e com muito alcance de consciência,  aos poucos, estão fazendo surgir uma contracorrente do bem, da união, da verdade, do essencial, da simplicidade e do amor.
Mais do que nunca, precisamos exercitar nossa consciência coletiva, unidos em um retorno as "coisas mesmas". A essência do ser, pois todos nós estamos a mercê de um grande "não sei existencial" e em meio a um futuro desconhecido. O fato é que permanecemos como sempre estivemos, impotentes, frente as forças do universo, totalmente desprotegidos e desamparados, em nossa simples e frágil condição humana.
Com o advento do coronavirus, repentinamente, a humanidade está tomando mais consciência de que estamos fadados a deixar tudo o que acreditamos ao longo de uma vida, sem aviso prévio. O coronavirus nos faz lembrar de que estamos intoxicados de conceitos sobre tudo o que existe, que, em boa parte do tempo, nos esquecemos do quanto somos iguais e que todo tipo de coisas e ideias que nos separam são meras ilusões criadas por nós mesmos!
Nesse período reflitamos, sobre o quanto nos distraímos em meio a uma infinidade de crenças infundadas, enquanto isso, nossa existência em si,  passa desapercebida e desperdiçada em lutas inglórias que, no fim das contas, não levaram a nada além de dor, sofrimento e do próprio "isolamento", agora sim, no sentido mais concreto da palavra em si.
Que neste momento, entre outras lições, aprendamos que somos todos um só e, que apesar da necessidade de estarmos "separados" neste momento, mais do nunca, estivemos tão juntos!!!

Psicóloga Martinha Rosa

Adaptação do texto da Psicóloga Silvia Malamud

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